
Sérgio Bandeira Karam, tradutor e mestre em Estudos de Literatura pela UFRGS, e Denise Bottmann, historiadora e tradutora, escreveram dois artigos sobre a Coleção Amarela da Livraria do Globo de Porto Alegre (1931-1956). Segundo eles, o primeiro livro de Agatha Christie em tradução brasileira foi “O Trem Azul”, por J. de Sousa, como volume 27 desta Coleção Amarela, em 1933 (o original de Agatha é de 1928):
Em termos comparativos, a presença de Agatha Christie mostra uma constância que se destaca no conjunto: publicada a partir de 1933, aparece regularmente com novos títulos até 1951, e é com a reedição de uma obra sua que a coleção se encerra em 1956.
Foram 11 obras de Agatha (com 2 títulos repetidos, totalizando 13 volumes), sendo a maioria, na época, com títulos diferentes dos que outros conhecemos, incluindo o próprio “O Trem Azul”, hoje “O Mistério do Trem Azul”.
Os dois links:
– A Coleção Amarela da Livraria do Globo
– A Coleção Amarela da Livraria do Globo (1931-1956)
Um interessante trecho:
Em seu terceiro número, de dezembro de 1936, a revista deu início à serialização de um romance intitulado Um crime no Expresso de Stambul, da autoria de um certo Sir Ronald MacMunn, que se prolongou em várias partes pelos números 4, 5, 6 e 8. Nesse meio tempo, a revista promoveu um concurso entre seus leitores, “Quem matou o gangster Cassetti?”, para que se identificasse o perpetrador do crime relatado no romance. Encerrada a serialização no oitavo número, A Novela divulgou em seu nono número o resultado do concurso e revelou a brincadeira:
Temos o prazer de dar aqui o resultado do grande concurso que esta revista promoveu em torno do romance “Um crime no Expresso de Stambul”, de Sir Ronald MacMunn. Preliminarmente devemos informar que este livro na realidade se chama “Um crime no Expresso do Oriente”, foi escrito por Miss Agatha Christie e tem como figura central o seu famoso detetive Hercule Poirot. Fizemos a “camouflage”com o intuito de evitar que, procurando ler o original do citado romance de Miss Christie, os concorrentes chegassem à solução certa sem dar trabalho às suas “células cinzentas”, na expressão de M. Poirot(apud GIARDINI2015).
(Diga-se de passagem que, nessa camuflagem, Poirot passaraa se chamar Monet.)
Curtir isso:
Curtir Carregando...