Revisão dos clássicos: Alterações das linguagens consideradas ofensivas chegam à obra de Agatha

Uma matéria de Toyin Owoseje em 27.03.2023 no site da CNN conta que os livros de Agatha são as mais recentes obras clássicas a serem revisadas para serem “removidas referências racistas e outras linguagens consideradas ofensivas para o público moderno”. Vale lembrar que, muitos anos atrás, o clássico “Ten Little Niggers” (considerado um dos dez livros mais vendidos da história da literatura mundial) teve seu título alterado, como lembramos ao final deste post:

De acordo com o jornal The Telegraph do Reino Unido, a editora HarperCollins editou algumas passagens e removeu completamente outras de suas novas edições digitais de alguns dos mistérios dos detetives Hercule Poirot e Miss Marple.

As emendas aos livros, publicados entre 1920 e 1976, ano da morte de Christie, incluem mudanças no monólogo interior do narrador. Por exemplo, a descrição de Poirot de outro personagem como “um judeu, é claro” no romance de estreia de Christie, “The Mysterious Affair at Styles” (O Misterioso caso de Styles), de 1920, foi retirada da nova versão.

Ao longo da versão revisada da coleção de contos “Os casos finais de Miss Marple e duas outras histórias”, a palavra “nativo” foi substituída por “local”, relata o jornal The Telegraph.

Uma passagem que descreve um servo como “negro” e “sorridente” foi revisada e o personagem agora é simplesmente referido como “o que acena”, sem referência à sua raça.

E no romance de 1937 “Morte no Nilo”, as referências ao “povo núbio” foram removidas.

O Telegraph relata que a HarperCollins lançou algumas das reedições em 2020, com mais a serem reveladas.

A CNN entrou em contato com a HarperCollins e a Agatha Christie Ltda., a empresa que lida com os direitos literários e de mídia da autora falecida, para comentar.

As mudanças no material de origem ocorreram depois que surgiu no mês passado que os clássicos livros infantis de Roald Dahl receberam tratamento semelhante.

Leia o artigo completo clicando aqui.

Leia também em O Globo:
Romances de Agatha Christie têm trechos ‘potencialmente ofensivos’ removidos de novas edições

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[*] “Ten Little Niggers” foi publicado pela primeira vez no Reino Unido pelo Collins Crime Club a 6 de novembro de 1939, como Ten Little Niggers, provindo da canção de menestrel Ten Little Indians. A edição dos EUA foi lançada em janeiro de 1940 com o título “And Then There Were None”, que provém das últimas cinco palavras da canção. Todas as reimpressões e adaptações americanas sucessivas usam esse título, exceto os livros de bolso de Pocket Books publicados entre 1964 e 1986, que aparecem sob o título “Ten Little Indians”. No Brasil foi publicado como “O Caso dos Dez Negrinhos” e atualmente como “E Não Sobrou Nenhum”. Em Portugal, foi publicado como “Convite para a Morte” em 1948, “As Dez Figuras Negras” em 2003, e “No Início, Eram Dez…” em 2020. A Publications International lista o romance como o sexto título mais vendido no mundo.

Leia mais a respeito em
wikipedia.org/wiki/And_Then_There_Were_None

Dilys Winn (1939-2016)

Dilys Winn

O site do jornal The New York Times possui uma seção que publica obituários de pessoas importantes cujas mortes foram “esquecidas” na época em que aconteceram. Na própria descrição do site, “part of Overlooked, a series of obituaries about remarkable people whose deaths, beginning in 1851, went unreported in The Times”. Em 10 de março de 2023, a pessoa retratada foi Dilys Winn, que faleceu em 2016. Em 1972, ela teve a ideia de abrir uma livraria somente com livros de mistério:

In 1972, Dilys Winn had an idea to open a bookstore that would sell nothing but mystery stories, but she knew nothing about the book business. She went to Doubleday and Brentano’s shops, jotted down the titles and publishers of the mystery books they carried, then called those publishers and put in her own orders. She found an empty storefront for rent, for $250 a month, adjacent to a parking garage on the Upper West Side of Manhattan, and set up shop there.

When she opened Murder Ink — believed to be the nation’s first bookstore devoted entirely to the genre — she didn’t even have a window sign. But inside the store, compact though it was, one could find every type of mystery: British cozies, unsettling gothics, suspense thrillers, novels about hard-boiled detectives, police procedurals and even unpublished manuscripts — 1,500 titles in all.

(…) Dilys Barbara Winn was born on Sept. 8, 1939, in Dublin. A year or so later she went to the United States with her mother, Estelle, and older brother, Rodger, leaving behind her father, William Monroe Winn, an obstetrician and gynecologist who served in the British Army during World War II. He reunited with them in the U.S. in the mid-1940s.

Winn spent her early childhood in Perth Amboy, N.J., where she lived among extended family and attended public school. She then went to the private Baldwin School for girls in Philadelphia and enrolled in Pembroke College at Brown University.

(…) The Independent Mystery Booksellers Association established a Dilys Award in 1992, presented annually to the mystery title its member booksellers most enjoyed selling. It was discontinued after 2014, however, a reflection of the decline of independent bookstores. After changing hands and locations in New York several times, Murder Ink closed in 2006.

Health problems eventually left her housebound, and she died of kidney disease on Feb. 5, 2016. She was 76. In accordance with her final wishes, her remains were donated to a medical school for students learning how to solve the mysteries of the human body.

Leia o texto completo em
nytimes.com/2023/03/10/obituaries/dilys-winn-overlooked.html

Três Ratos Cegos: Encenação em Niterói, RJ, em 25.03.2023

A turma do Curso de Formação de Atores da Oficina Social de Teatro estreará, no dia 25 de março de 2023, em duas sessões, às 16 e às 19h, o espetáculo “Três Ratos Cegos”. O espetáculo será apresentado no Quintal Centro Cultural, que fica no bairro de Santa Rosa, em Niterói. A classificação etária é 16 anos.

Três Ratos Cegos
Direção e texto: George Ritter (Livre adaptação de Agatha Christie)
Elenco: Fellipe Lira, Gabriela Fontenelle, John Medeiros, Larissa Gouvêa, Maria Andreia, Marina Isis, Mattheus Carvalho e Rodrigo Tavares.
25.03.2023 – Sessões às 16 e 19h
Classificação etária: 16 anos
Ingressos: consultar aquisição pelo whatsapp: (21) 98724-0468

Local: Quintal Centro Cultural
Rua Américo Oberlaender, 580, Santa Rosa, Niterói, RJ

Mistério em Paris: Livremente inspirado em Agatha

Estreia (em 31 de março de 2023) “Mistério em Paris”, uma sequência de “Mistério no Mediterrâneo”. Adam Sandler e Jennifer Aniston protagonizam um novo crime no filme que estreia na Netflix:

Quatro anos após solucionarem o primeiro assassinato, Nick e Audrey Spitz são detetives em tempo integral e tentam fazer sua agência de investigação particular dar certo.

(…) Os produtores Tripp Vinson e James Stern comentam sobre a diferença do segundo para o primeiro filme:

“É muito mais voltado para a ação, e os cenários são maiores e mais robustos. Nossa maior influência ainda é Agatha Christie. Mas, para a sequência, bebemos na fonte de grandes filmes de ação como Busca Implacável”, diz Vinson.

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